Ainda em 2018, a perspectiva para 2019 para o mercado de energia não poderia ser melhor: aumento na capacidade de transporte de energia do submercado Norte para o SE/CO (quase 5 GWm), reservatórios terminando o ano com mais de 30%, ao contrário do ano anterior que terminou com 23%, perspectiva de El Niño, Mecanismo de venda de energia das distribuidoras, enfim, tudo corroborando para um ano com preços estruturalmente baixos.
O ano mal começou e se instalou sobre o SE/CO um bloqueio atmosférico que transformou o cenário que aparentava ser bom em um verdadeiro caos.
Basicamente em 1 mês saímos do paraíso para o inferno dos consumidores de energia.
Precipitação verificada na Bacia do Grande em Jan/19, quase 40% da média esperada para o mês. Figura retirada do CPTEC/INPE.
A inversão drástica do cenário foi uma surpresa e está movimentando e muito o mercado devido ao anúncio de quebra de alguns agentes (comercializadores) e descumprimentos de contratos.
Nesta semana estamos com ótimas perspectivas de chuva, no entanto para a seguinte o cenário volta a ficar sem boas perspectivas, podendo piorar ainda mais o cenário de reservatórios e aumentar a especulação do mercado . Em um cenário otimista, com chuvas dentro da média no SE/CO, a perspectiva é de terminarmos o período úmido com aproximadamente 50% dos reservatórios, e atingir ao final do ano 35%.
No entanto, no atual cenário, a Solver crê que a maior probabilidade é de volumes de armazenamento mais próximos das curvas de 90% e 80% em relação à média de afluência na região SE/CO, portanto, projetamos um final de período úmido com 35% a 45% de reservatórios e um final de ano próximo a 20%.
Projeção de reservatórios realizada pela Solver Energia.
O preocupante para esta situação é por que ano após ano, após diversos cenários de preços teto, agentes quebrando, consumidores pagando uma das energias mais caras do mundo, investimento estrutural de bilhões na capacidade instalada, crise econômica evitando grande crescimento do consumo, seguimos passando pela mesma situação? já é hora de a estrutura de nossa matriz elétrica ter soluções verdadeiras (que não custem mais de 300 R$/MWh) para escassez de chuva, já é hora de discutirmos se este modelo de preços como está hoje está representando nossa disponibilidade de energia. O que não é possível é tratar essa oscilação de preços com normalidade, sendo que a mesma está prejudicando e muito, o setor produtivo do Brasil.
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